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Tecnologias de remediação in situ

3.8 Injeção de Surfatante ou Cossolventes

A injeção de surfatantes ou cossolventes é um processo in situ que extrai contaminantes utilizando soluções aquosas de surfatantes, cossolventes, ácidos ou bases. A injeção de cossolventes ocorre quando um reagente, como metanol, etanol ou propanol é introduzido na água ou em conjunto com água e um surfatante. Os surfactantes desempenham um papel crucial nesse processo, pois são formulados especificamente para reduzir a tensão superficial do solo, facilitando a dessorção dos contaminantes aderidos às partículas do solo, permitindo que eles sejam recuperados de forma mais eficiente na fase aquosa. 

Em locais com águas subterrâneas rasas ou quando é desejável tratar apenas a zona vadosa, os fluidos podem ser introduzidos na superfície do solo, permitindo sua infiltração até a área contaminada. Em locais mais profundos ou quando deseja-se tratar a zona saturada, um sistema com poços de injeção e/ou valas de infiltração deve ser projetado para introduzir os fluidos. Essa técnica é eficaz no tratamento de solos contendo LNAPL residual e a uma grande variedade de contaminantes, como COVs, COSVs, combustíveis inorgânicos, entre outros.

Exemplo esquemático da injeção de surfatantes e cossolventes.

Injeção de surfatantes ou cossolventes – Ficha técnica.

TecnologiaNomenclaturaInjeção de surfatantes ou cossolventes
SinônimosLavagem do solo
Nomenclatura em inglêsSoil flushing, cosolvent flushing, cosolvent enhancements, in situ flushing, surfactant enhanced aquifer remediation, surfactant flooding
Processo de remediaçãoEstratégia de remediaçãoA = Mudança de fase/composição, tratamento da fase dissolvida.
B = Remoção de massa.
Zona de contaminaçãoZona saturada e insaturada.
Fases do LNAPLFase residual.
DuraçãoTecnologia com ação de médio prazo, que pode levar de semanas a um ano ou mais;
A duração é afetada pelo tamanho da área; o número e espaçamento dos pontos de injeção, poços e trincheiras utilizados, características do solo in situ, incluindo permeabilidade e anisotropia; objetivos de limpeza;As taxas de tratamento variam dependendo das propriedades físicas do solo e dos tipos de contaminantes presentes.
AplicaçõesTratamento de solos com grande variedade de contaminantes, incluindo compostos orgânicos voláteis (COV), compostos orgânicos semivoláteis (COSV), combustíveis inorgânicos, radionuclídeos e constituintes de munições, além de alguns metais;
A eficácia depende dos tipos de contaminante envolvidos, sendo mais difícil remover contaminantes que tenham maior afinidade com o solo e menor solubilidade aquosa. Portanto, pode ser mais eficaz para contaminantes emergentes, que têm baixa capacidade de sorção e alta solubilidade, como perclorato ou fluorosurfatantes. Também pode facilitar a remoção de NAPL isoladamente ou em conjunto com outras tecnologias, como extração multifásica ou aquecimento in situ;
As propriedades físicas do solo impactam fortemente sua eficácia. Deve haver uma distribuição adequada dos fluidos através da zona vadosa e/ou saturada, garantindo o contato com os solos contaminados. Pode ser mais difícil tratar as litologias compostas por material de granulação fina, camadas intercaladas de materiais mais permeáveis e menos permeáveis e sítios rochosos fraturados, em relação àqueles contendo solos arenosos e relativamente homogêneos.
VantagensBaixo tempo de remediação (até 3 anos);
Facilita e complementa a extração de LNAPL por poços de bombeamento;
Quantidades remanescentes de surfatantes no solo tendem a favorecer a biodisponibilização de contaminantes residuais aderidos ao solo, incrementando a biodegradação.
LimitaçõesSolos contendo uma grande fração de argila e lodos podem não ser tratados de forma eficaz devido à incapacidade de obter contato adequado entre a solução de lavagem e o solo contaminado;
A caracterização de alta resolução do local da distribuição de contaminantes da área de origem e a estratigrafia podem melhorar a implementação, particularmente para locais com NAPL;
A solução de lavagem deve ser recuperada, tratada e reciclada;
O tratamento pode ser caro e demorado;
Não é possível recuperar toda a solução de lavagem e a solução residual pode permanecer aderida às partículas do solo e/ou dissolvida nas águas subterrâneas, o que pode solubilizar e facilitar a migração das SQI.
Requisitos de aplicaçãoDados específicos para avaliação tecnológicaCondutividade hidráulica da água subterrânea;
Característica do LNAPL;
Substâncias Químicas de Interesse (SQI);
Qualidade e geoquímica da água subterrânea.
Características geológicasGarantir uma boa condutividade hidráulica da água subterrânea, pois permite a eficiência da lavagem do solo. Para isso, é necessário saber as características geológicas;
Maior sorção no solo em área de superfície alta. Se há maior capacidade do contaminante de sorver no solo, diminui-se a eficiência da lavagem;
A lavagem normalmente é mais eficaz em solos com menor teor de carbono e de argila;
O pH do solo pode influenciar a ação dos surfatantes e cossolventes;
Verificar a capacidade de troca de cátions e teor de argila, visto que influenciam no aumento da ligação de metais, sorção e remoção de contaminantes inibidores;
Conferir a presença de fraturas em rochas, uma vez que tornam o contato do fluido de lavagem mais difícil.
Características dos contaminantesDeterminar a pressão de vapor, visto que compostos voláteis tendem a migrar para a fase de vapor;
O líquido flui através do solo mais facilmente quando sua viscosidade é mais baixa;
Fluidos orgânicos insolúveis e densos podem ser deslocados e coletados por meio de lavagem.
Critérios quantitativosSolos com condutividade hidráulica na faixa de 10-5 a 10-3 cm/s e permeabilidade intrínseca superior a 10-10 cm2 podem ser considerados para a aplicação da técnica;
A superfície específica do solo deve ser menor que 0,1 m2/kg;
Contaminantes de baixa viscosidade (< 1,5 cP) apresentam maior eficiência;
Contaminantes com solubilidade maior que 1.000 mg/L são mais facilmente extraídos com a utilização de surfatantes;
Recomendada a aplicação para compostos com pressão de vapor inferior a 10 mm Hg.
CustosFatores de influência Extensão real da contaminação, pois locais maiores requerem um número maior de poços, pontos ou trincheiras de injeção e extração em comparação aos locais menores;
Profundidade de contaminação, visto que uma contaminação mais profunda se torna mais cara devido ao aumento dos custos para instalar poços de injeção e extração;
Intervalos maiores de poços de injeção aumentam o custo, pois o volume tratado será maior, tornando mais difícil a garantia de que a solução de lavagem seja distribuída adequadamente ao longo de todo o intervalo de tratamento;
É mais desafiador introduzir e distribuir corretivos em solos menos permeáveis, exigindo poços de injeção e extração mais espaçados em comparação aos locais mais permeáveis;
Os contaminantes influenciam o tipo de reagente, além do processo de tratamento de água e reagentes necessários para separar os contaminantes da solução de lavagem e solução de lavagem das águas subterrâneas antes da reutilização;
A Concentração Micelar Crítica (CMC) do surfatante empregado determina a concentração de produto a ser empregado na lavagem. Via de regra, utilizam-se para a lavagem concentrações de surfatante superiores à CMC. Desta forma, quanto maior a CMC do produto, maior será a concentração a ser empregada e maior o custo.
Operação e manutençãoA duração do tratamento pode ser influenciada pelas concentrações iniciais e parâmetros regulatórios;
Tipos, volumes e concentrações de reagentes são influenciados pelas propriedades físicas do solo e pelas propriedades físico-químicas e de mistura das SQI no solo e podem ser estabelecidos/estimados em testes pretéritos de bancada com amostras do solo e da água subterrânea de interesse;
As atividades de separação, tratamento e reutilização de fluidos de lavagem são elementos importantes de custo, especialmente em função da complexidade e dos requisitos associados às mesmas;
Frequência de eventos de injeção afeta os custos de processo;
As etapas de tratamento e descarte da água tratada também compõe os elementos de custo da tecnologia.
Referências(U. S. EPA, 1996a; NFESC, 2002; ITRC, 2018b; FRTR, 2020).
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