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Tecnologias de remediação in situ

3.6 Contenção Física ou Hidráulica

O objetivo das contenções físicas ou hidráulicas é evitar que o LNAPL atinja a água subterrânea, o solo adjacente e os receptores potenciais (U.S. EPA, 2017a). As contenções físicas, em geral, consistem em uma vala escavada paralelamente e a jusante da fonte de contaminação, preenchida com lama de baixa condutividade hidráulica, que estabiliza a vala hidraulicamente para prevenir colapsos. Essa lama forma uma “torta-filtro” que reduz o fluxo de água subterrânea, impedindo o transporte de contaminantes. A maioria das contenções é construída com uma mistura de solo, bentonita e água, formando a chamada lama bentonítica, que contribui para a estabilização das paredes durante a escavação. No entanto, paredes feitas de cimento, pozolanas, bentonita organicamente modificada ou geomembranas podem ser empregadas quando é necessária maior resistência estrutural ou quando há incompatibilidades químicas entre a bentonita e os contaminantes. Embora as contenções ofereçam uma solução de curto prazo e, na maioria dos casos, não sejam definitivas, elas podem viabilizar a aplicação de diversas técnicas de remediação, incluindo processos naturais (NSZD e ANM) e intervenções ativas, como a aplicação de surfactantes, oxidantes e biorremediação, ao impedir o avanço da fase livre ou dissolvida durante essas intervenções.

Exemplo esquemático da contenção física.

Contenção física – Ficha técnica.

TecnologiaNomenclaturaContenção física
SinônimosContenção hidráulica
Nomenclatura em inglêsPile barrier, vertical cutoff walls, hydrodynamic barriers, slurry trenches, slurry walls
Processo de remediaçãoEstratégia de remediaçãoA = Controle de massa, tratamento da fase dissolvida.
Zona de contaminaçãoZona saturada.
Fases do LNAPLFase livre.
DuraçãoA remediação a partir dessa tecnologia ocorre a longo prazo. O tempo para construir a estrutura de contenção varia com o tipo e extensão do local a ser tratado. O tempo para atingir os objetivos de remediação depende de fatores específicos do local.
AplicaçõesAs paredes de lama fazem a contenção da água subterrânea. Essa tecnologia demonstra eficácia em conter mais de 95% das águas subterrâneas não contaminadas em direção aos contaminantes;
Em aplicações de águas subterrâneas contaminadas, tipos específicos de contaminantes podem degradar os componentes da parede e reduzir a eficácia a longo prazo.
VantagensImplantação rápida quando comparada à outras técnicas;
Em alguns casos, a contenção física é a única forma de remediação que se pode utilizar devido às dificuldades de acesso aos contaminantes, como profundidade do aquífero contaminado;
Em alguns casos, a barreira funciona como uma técnica complementar, permitindo que a remediação das áreas-fonte seja realizada de forma segura, enquanto a contenção garante que os contaminantes em fase dissolvida não evoluam e atinjam eventuais receptores potenciais a jusante da área impactada;
A contenção normalmente é barata comparada aos outros tratamentos, especialmente em grandes áreas;
Pode eliminar quase completamente o transporte de contaminantes para outras áreas, evitando exposições diretas e indiretas;
Em solos não consolidados, reduzem substancialmente o fluxo de massa e o potencial de migração.
LimitaçõesA maioria das abordagens envolve grandes construções;
A tecnologia é capaz de conter apenas contaminantes dentro de uma área específica;
Os aterros com bentonita não são capazes de resistir ao ataque de ácidos fortes, bases, soluções salinas e alguns produtos químicos orgânicos, entretanto, outras misturas de lama podem ser desenvolvidas para resistir a produtos químicos específicos;
As paredes de lama podem se degradar ou se deteriorar ao longo do tempo;
O uso desta tecnologia não garante que correções futuras não sejam necessárias.
Requisitos de aplicaçãoCaracterísticas da parede de contençãoPermeabilidade máxima permitida, gradientes hidráulicos previstos e resistência de parede necessária;
Disponibilidade e grau de bentonita a ser usado;Limites de contaminação, compatibilidade de resíduos e contaminantes em contato com materiais da parede de lama;
Características do material de preenchimento (por exemplo, conteúdo de materiais finos);
Terreno do local;
Substrato para preenchimento da parede, além da profundidade, permeabilidade e continuidade da mesma.
MonitoramentoAvaliar o desempenho para evitar a descarga de LNAPL em rios, devido à potencial instabilidade de solos impactados;
Monitoramento de gradientes hidráulicos verticais e horizontais ao longo do sistema de contenção;
Estimar impactos caso a pluma de contaminação penetre uma parte da barreira;
Realizar aviso prévio para possíveis liberações em corpos d’água, a fim de evitar impactos à saúde humana ou receptores ecológicos.
Critérios quantitativosAs barreiras do tipo slurry wall podem ser escavadas em profundidades de até 50 pés (15 m) com retroescavadeiras. Para alcançar maiores profundidades podem ser utilizadas escavadeiras do tipo dragline;
A “lama” utilizada na construção da slurry wall deve conter um peso específico mínimo de 1025 kg/m³.
CustosFatores de influência Tipo, atividade e distribuição de contaminantes;
Características geológicas e hidrológicas;
Distância da fonte de materiais e equipamentos;
Tipo de enchimento utilizado;
Outros requisitos específicos do local, conforme identificados na avaliação inicial do local (por exemplo, presença de determinados contaminantes ou detritos).
Operação e manutençãoOs custos dependem do comprimento, profundidade e tipo de estrutura da contenção física, além de possíveis restrições do local;
Proteção e manutenção das paredes;
Planejamento, licenciamento, interação regulatória e restauração do local.
Referências(U. S. EPA, 2008; ITRC, 2018b; FRTR, 2020).

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