2.1 Fontes de contaminação
As principais preocupações relacionadas à liberação de constituintes da fase livre no ambiente envolvem os riscos potenciais de toxicidade e explosividade. Esses riscos podem variar amplamente conforme o cenário de contaminação, podendo impactar grandes volumes de solo, ar e recursos hídricos, tanto subterrâneos quanto superficiais.
A liberação da fase livre para os compartimentos ambientais ocorre a partir de uma fonte primária de contaminação, que geralmente inclui tanques superficiais ou subterrâneos, dutos, equipamentos, veículos, tambores ou a disposição inadequada de resíduos. Já a fonte secundária de contaminação representa o meio contaminado pela fase livre, capaz de propagar a contaminação através de mecanismos como dissolução, advecção, dispersão e volatilização, conforme as propriedades físico-químicas dos contaminantes e do próprio meio contaminado.
No caso de contaminação dos aquíferos por derramamentos de petróleo e derivados, os compostos imiscíveis com densidade relativa menor que a da água tenderão a flutuar no topo do lençol freático. Devido à sua baixa solubilidade, esses compostos permanecem como uma fase chamada LNAPL (light nonaqueous-phase liquid), também conhecida como fase livre ou produto puro (MERCER; COHEN, 1990). Em águas subterrâneas de áreas contaminadas com LNAPL, é comum encontrar hidrocarbonetos nas amostras coletadas, incluindo BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e os isômeros do xileno: o-xileno, m-xileno e p-xileno) e HPA.
Os combustíveis convencionais derivados do petróleo diferem dos biocombustíveis em suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Biocombustíveis são produzidos a partir de fontes renováveis, como biomassa (matéria orgânica), compostos de origem animal ou produtos vegetais, incluindo cana-de-açúcar, milho, soja e celulose. Por serem renováveis, apresentam menor impacto ambiental e contribuem para a redução das emissões de monóxido de carbono (CO) quando misturados a combustíveis fósseis, como ocorre com o etanol e o biodiesel. Além disso, biocombustíveis como etanol, butanol e biodiesel são mais facilmente degradáveis por processos microbiológicos em comparação com hidrocarbonetos de petróleo em concentrações aquosas equivalentes.