Rema

Estudos de Caso

Área 2 – Diesel 100% (D)

Em dezembro de 2000 foram liberados 20 litros de diesel na área experimental da Fazenda Experimental Ressacada. Para monitorar o experimento, foram instalados 23 poços de monitoramento multinível com profundidades de 1,2,3 e 4 metros em relação ao nível do terreno.

Experimentos de campo de atenuação natural monitorada de vazamento de diesel (Área 2) e diesel com etanol (Área 3), iniciados em dezembro de 2000.

Representação esquemática da Área 2 (D), indicando a localização da fonte, os poços de monitoramento e a direção do fluxo.

Fase 1 (Dezembro 2000 – Outubro 2018):

    • Objetivo: Demonstrar a atenuação natural monitorada (ANM) de contaminantes na fase dissolvida presentes em água e solo na área da fonte.

    • Técnica: Monitoramento contínuo da contaminação através dos poços, avaliação da degradação natural dos contaminantes.

Fase 2 (Início em Outubro 2018):

    • Objetivo: Demonstrar a eficácia das intervenções implementadas na área.

    • Técnicas:
        • Ozone Sparging (Novembro 2020): Introdução de ozônio para tratar os contaminantes.

        • Bioaumentação (Novembro 2021): Adição de microrganismos oriundos da Área 5, com concentrações de aproximadamente 41.189 UFC/mL para fungos e 1.618.471 UFC/mL para bactérias.

 
ÁREA 2 – Diesel 100% (D)
Data da liberação do produto 17/12/2000
Volume  20 L
Meio afetado Zona saturada
Profundidade média do lençol freático 1,0 m 
Parâmetros hidrogeológicos Condutividade hidráulica: 6,6×10-5 cm/s;
Velocidade da água subterrânea: 6,6 m/ano;
Sentido de fluxo predominante: E -> O a N -> S.
Características do aquífero antes da contaminação Temperatura: da água subterrânea 17 – 24°C;
pH entre 5,0 – 5,3;
Potencial de oxidação-redução: +32 – +169 mV;
Oxigênio dissolvido: 7 – 8 mg/L;
Nitrato: 0,05 – 0,137 mg/L;
Sulfato: 0,3 – 4,3 mg/L;
Sulfeto: 0,006 a 0,014mg/L;
Ferro (II): 0 – 1,64 mg/L;
Fosfato: 0,05 – 0,54 mg/L;
Metano: < 0,01 mg/L;
Alcalinidade: 4 ‑ 30 mg/L.
Padrões legais aplicáveis Considerando que o uso do solo da área de interesse é agrícola, as metas de remediação foram definidas com base nos critérios de qualidade para solos agrícolas e das águas subterrâneas do Anexo II da Resolução CONAMA nº 420 de 2009. Alternativamente, poderiam ter sido adotadas concentrações máximas aceitáveis (CMA) obtidas em uma avaliação de risco à saúde humana.
Fase / Técnica Fase 1: Atenuação natural monitorada da pluma dissolvida e NSZD
Objetivo Demonstrar a aplicação da atenuação natural monitorada das plumas de contaminação em um aquífero contaminado com óleo diesel, determinar a variação das concentrações de BTEX e HPA ao longo do tempo e os parâmetros cinéticos de decaimento das concentrações. Avaliar a depleção natural dos hidrocarbonetos na zona da fonte (NSZD) por meio da determinação do fluxo de massa e da massa dissolvida nos poços de monitoramento, imediatamente à jusante do local de liberação do combustível. 
Justificativa para escolha da técnica O uso da técnica de atenuação natural monitorada na redução das concentrações e da massa de contaminantes na fase dissolvida e a técnica de depleção natural da zona da fonte (NSZD) é justificado pelo baixo risco que esta área experimental apresenta, pois não foram identificados receptores potenciais na área contaminada e afastados da fonte.
Período de aplicação 3.720 dias.
Datas dos monitoramentos ou intervenções Não houve intervenção no local.
Monitoramentos:
20/03/2001;
07/06/2001;
28/01/2002;
04/08/2002;
17/07/2003;
28/08/2003;
09/09/2003;
03/11/2004;
18/08/2005;
06/04/2006;
18/10/2006;
01/07/2007;
12/02/2009;
01/02/2010;
23/02/2011;
28/01/2019;
27/05/2020;
22/06/2021.
Insumos Nenhum insumo foi adicionado.
Parâmetros de monitoramento Benzeno, tolueno, etilbenzeno, xilenos, BTEX total, ferro (II), nitrato, sulfato, sulfeto, fosfato, metano, pH, potencial de oxirredução, alcalinidade, temperatura, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, naftaleno, metilnaftaleno, dimetilnaftaleno, acenaftileno, fluoreno, fenantreno, antraceno, pireno, criseno, B[b]Fluor, B(k)Fluor, B[a]Pireno, Indeno(1,2,3-cd) pireno, Benzo(g,h,i)pirileno, HPA total.
Parâmetros de desempenho da técnica De acordo com a norma ASTM E1943-98 (ASTM, 2015b), minimamente, é necessária a adoção de uma linha de evidência primária para demonstrar a eficácia da atenuação natural monitorada (ANM) do vazamento controlado de diesel na zona saturada. A ASTM destaca que a adoção de linhas de evidência adicionais sempre deve ser ponderada em relação ao custo-benefício. Neste caso, foram adotadas algumas linhas de evidência análogas às Áreas 1 e 3 para demonstrar a eficiência da ANM:
Linhas de evidência primárias:
A principal linha de evidência da ocorrência da ANM está relacionada com os dados históricos de concentração na área de interesse. Neste estudo, foram demonstradas as reduções das concentrações de BTEX na água subterrânea e verificado o comportamento da geometria das plumas de contaminação, se estavam aumentando, diminuindo ou em estado estacionário.
Linhas de evidência secundárias: 
Foi demonstrada por meio do monitoramento de indicadores geoquímicos (receptores de elétrons e subprodutos metabólicos da degradação) a degradação natural do total de hidrocarbonetos de petróleo BTEX, por meio da quantificação das taxas de atenuação.
Outras linhas de evidência: 
Outras linhas de evidência podem auxiliar na demonstração da eficiência da ANM, incluindo informações complementares obtidas por meio de análises microbiológicas, modelagem matemática do transporte e transformação de contaminantes, quantificação do fluxo de massa de contaminantes ao longo do tempo e estimativas de capacidade assimilativa do aquífero para degradação dos contaminantes. Neste estudo de caso foi realizada a quantificação do fluxo de massa de contaminantes e a determinação da cinética de decaimento na pluma dissolvida.
A avaliação do desempenho da técnica NSZD pode ser realizada com base em linhas de evidência semelhantes às de atenuação natural, com foco na fonte de contaminação: 
1) Redução da concentração de contaminantes dissolvidos e/ou fluxo de massa na zona da fonte, a qual poderá promover a redução da extensão e/ou concentração das plumas dissolvidas a jusante; 
2) Obtenção de evidência da ocorrência dos processos biológicos por meio de parâmetros geoquímicos na zona da fonte. Exemplo: Monitoramento do fluxo de gases provenientes da degradação do LNAPL (CH4 e CO2);
3) Determinação da variação da composição química do LNAPL.
4) Avaliação do fluxo de calor gerado pelo processo de biodegradação por meio de instrumentação específica.
Resultados

As análises do perfil de concentração dos contaminantes ao longo do tempo, no aquífero contaminado com óleo diesel, permitiu a compreensão e avaliação da transferência de massa da fonte para a água subterrânea e o comportamento dos contaminantes na água subterrânea (pluma de contaminação)
Linhas de evidência primárias:
A partir da segunda campanha de monitoramento (07/06/2001), os resultados mostraram que a pluma de contaminantes estava avançando em função do fluxo advectivo da água subterrânea, associados à dispersão hidrodinâmica e à sorção. A redução da extensão das plumas de contaminação foi observada após 24 meses após a liberação da fase livre.
As concentrações máximas de contaminantes foram encontradas 180 dias (0,49 anos) após a liberação do combustível. Os hidrocarbonetos monoaromáticos (BTEX), em maiores concentrações, foram encontrados na zona da fonte: 1620,65 mg/L, 3614,50 mg/L, 2729,26 mg/L, 794,08 mg/L para o benzeno, tolueno, xilenos totais e etilbenzeno, respectivamente. Apesar de os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) apresentarem maior fração volumétrica no diesel, foram encontrados em menor concentração na fase dissolvida em relação aos BTEX, ou seja, 557,41 mg/L para o naftaleno, 215,58 mg/L para o dimetilnaftaleno e 74,97 mg/L para o metilnaftaleno. Este fato ocorreu porque, de forma geral, os hidrocarbonetos semivoláteis são mais hidrofóbicos que os BTEX.A quantificação do fluxo de massa dos BTEX ao longo do tempo indicou que, após 33 meses (2,75 anos) de monitoramento, a transferência de massa de contaminantes do LNAPL para a água subterrânea foi nula, ou seja, os BTEX foram completamente intemperizados na fonte. Consequentemente, a pluma de BTEX foi extinta. A perda de massa de BTEX na fonte foi resultante de processos de dissolução, volatilização e biodegradação. A redução do fluxo de massa de contaminantes foi decorrente, principalmente, pela biodegradação na fase dissolvida na zona da fonte. A biodegradação teve um papel fundamental no aumento do gradiente de concentração, aumentando a transferência de massa de contaminantes do LNAPL para a fase dissolvida, acelerando a intemperização natural da fonte.A quantificação do fluxo de massa dos contaminantes também evidenciou que os HPA permaneceram na água subterrânea após 5,8 anos de monitoramento. Foi observado que o maior fluxo de massa dos HPA ocorreu quando o fluxo de massa dos BTEX foi reduzido em mais de 80%. Estes resultados são explicados pela maior fração molar de HPA no diesel, em relação aos BTEX, pela maior solubilidade e facilidade de biodegradação dos compostos BTEX.Na zona saturada, a liberação dos contaminantes do LNAPL para a água subterrânea depende da solubilidade aquosa dos contaminantes e da velocidade da água subterrânea. Neste experimento, a maior massa dissolvida dos BTEX no aquífero foi observada somente 3 meses após a liberação do combustível na fonte. No caso dos HPA, a maior massa de contaminantes no aquífero foi observada somente após 3,92 anos (47 meses). 

Linhas de evidência secundárias:

As análises dos parâmetros geoquímicos na zona da fonte de contaminação indicaram que a biodegradação dos contaminantes ocorreu por três vias: aeróbia, ferro redução e metanogênese. No início do experimento, os valores do potencial de oxidação e redução (ORP) da água subterrânea variaram de +280 até +455 mV, demonstrando um ambiente oxidante e aeróbio. Entre o início do experimento e 13 meses (1,07 anos) de contaminação, os processos dominantes na biodegradação dos contaminantes ocorreram via respiração aeróbia e ferro redução, o que foi comprovado pela diminuição na concentração do oxigênio e pelo aumento na concentração do produto metabólico ferro (II), que chegou a 211 mg/L, em 90 dias após a contaminação. Após o esgotamento do oxigênio dissolvido e o ferro (III), a metanogênese se tornou protagonista no processo de biodegradação dos contaminantes. As condições geoquímicas forneceram as condições necessárias para o aquífero, de forma que o processo metanogênico de degradação iniciasse 560 dias (1,5 anos) após o início do experimento. Neste momento foi observada a máxima concentração de metano na água subterrânea (9 mg/L), o que representa, aproximadamente, 1/3 da concentração de saturação de metano na água.É importante observar que a degradação de hidrocarbonetos de petróleo pode acontecer com a utilização de mais de um receptor de elétrons, simultaneamente, desde que estes possuam valores de potenciais energéticos (energia livre de Gibbs) próximos. Sendo assim, é possível que ocorra a utilização simultânea de oxigênio dissolvido e nitrato como receptores de elétrons. A diferença na distribuição espacial de contaminantes e receptores de elétrons no aquífero também poderá estabelecer diferentes vias metabólicas para a biodegradação em diversos extratos da área contaminada.

Outras linhas de evidência:

Após 180 dias (0,49 anos) de monitoramento, a capacidade assimilativa total do aquífero, zona da fonte, foi de 17,38 mg/L. Com base nestes resultados, foi estimado que, na fonte de contaminação, o processo dominante de biodegradação foi anaeróbio, representando 82% da capacidade assimilativa total do aquífero. Já a respiração aeróbia foi responsável por 18% da degradação dos contaminantes. A determinação da cinética de depleção de contaminantes na fonte de contaminação demonstrou que as substâncias que apresentaram as menores taxas de atenuação foram o naftaleno (1,19/ano) e etilbenzeno (1,48/ano), ou seja, foram os compostos que levaram mais tempo para serem atenuados naturalmente. Os valores do tempo de meia-vida (t1/2), obtidos para esses compostos, foram de 211 e 171 para o naftaleno e etilbenzeno, respectivamente. O benzeno, xileno e tolueno apresentaram maiores cinéticas de atenuação: 2,69, 2,32 e 2,34 /ano, respectivamente. O tempo de meia-vida do benzeno foi de 94 dias. Mesmo sabendo que diversos autores apontam o benzeno como sendo o contaminante que demora mais tempo para ser biodegradado, este trabalho mostrou o contrário. Isso ocorreu, possivelmente, por dois motivos: 1) devido à condição aeróbia de degradação encontrada no aquífero determinada e; 2) a reduzida fração molar dessa substância no diesel. O xileno e tolueno apresentaram tempos de meia-vida de 108 e 107 dias, respectivamente. Já o metilnaftaleno e dimetilnaftaleno tiveram concentrações crescentes, indicando que no período analisado estes compostos não sofreram degradação significativa. Os resultados obtidos neste experimento demonstraram que a atenuação natural monitorada (ANM) da fase dissolvida e a depleção natural da zona da fonte de contaminação (NSZD) são técnicas eficazes na redução das concentrações de contaminantes BTEX e HPA em vazamentos de diesel. Apesar dos HPA serem substâncias persistentes e de difícil degradação em relação aos BTEX, em áreas de baixo risco, foi demonstrado que tanto a ANM como o NSZD podem ser aplicadas no gerenciamento de áreas contaminadas por diesel.

Observações As técnicas ANM e NSZD somente poderão ser aplicadas com base em um projeto de remediação específico para cada área contaminada, a partir de um modelo conceitual fundamentado em investigações ambientais e avaliação de riscos, conforme estabelece a Resolução CONAMA nº 420 de 2009. 
Fase / Técnica Fase 2: Oxidação química via ozone sparging + Bioaumentação
Objetivo Promover a remediação da massa de contaminantes em fase residual na zona da fonte visando acelerar o processo de encerramento do caso.
Justificativa para escolha da técnica A técnica de depleção natural da zona da fonte (NSZD) foi selecionada considerando que a área de interesse possui baixo risco, pois não foram identificados receptores potenciais na área contaminada, na zona da fonte, e as taxas de transporte de contaminantes era menor que a taxa de atenuação.
Período de aplicação 1.567 dias.
Datas dos monitoramentos ou intervenções As intervenções por ozonização iniciaram-se em novembro de 2020 (30/11/20) e foram continuadas até janeiro de 2021 (04/01/21). Após a interrupção por 30 dias, a injeção de O3 foi retomada em fevereiro de 2021, sendo mantida até março de 2021. A bioaumentação ocorreu em novembro de 2021 por meio da adição de microrganismos oriundos da Área 5 na Área 2 (D).
Monitoramentos:
28/01/2019;
27/05/2020;
07/12/2020;
07/01/2021;
22/06/2021;
01/12/2021;
20/06/2022;
30/09/2022;
31/01/2023.
Insumos O gás ozônio foi produzido e aplicado in situ no 2º semestre de 2020  A bioaumentação ocorreu a partir de microrganismos oriundos da Área 5 (B20).
Parâmetros de monitoramento Oxigênio dissolvido, pH, potencial de oxirredução, alcalinidade, temperatura, condutividade elétrica, naftaleno, metilnaftaleno, dimetilnaftaleno, acenaftileno, fluoreno, fenantreno, antraceno, pireno, criseno, B[b]Fluor, B(k)Fluor, B[a]Pireno, Indeno(1,2,3-cd) pireno, B(g,h,i)pirileno, HPA total.
Parâmetros de desempenho da técnica A avaliação do desempenho da técnica foi realizada com base na redução da concentração aquosa de contaminantes e pela análise estatística do decaimento das concentrações dos contaminantes pelos métodos de Mann-Kendall e Sen (MKS), na qual foi fundamental para confirmar a eficácia das técnicas utilizadas nesta área experimental, a partir dos dados parciais de monitoramentos após as maiores concentrações de BTEX e HPA serem detectadas.
Resultados Os monitoramentos evidenciaram que a partir de 2010 (3303 dias) não foi mais detectada contaminação na água subterrânea por BTEX. Contudo, a fim de realizar o descomissionamento das áreas experimentais, foram realizados novos monitoramentos em 2019 (1º semestre), 2020 e 2021 (1º e 2º semestre) e 2022 (1º semestre) em paralelo com as coletas de laboratórios externos. Algumas substâncias, dentro da faixa de HPA (metilnaftaleno, B(a)antraceno, B(b)fluoranteno, B(a)pireno, Indeno(1,2,3-cd) pireno, Dizenzo(a,h) antraceno), apresentaram valores acima dos VIs para alguns poços e profundidades após o início da Fase 2 até o 1º semestre de 2021. Os demais compostos analisados apresentaram valores abaixo dos respectivos VIs. A análise de tendência de decaimento de HPA se mostrou menos estável do que a de BTEX, uma vez que os HPAs são mais persistentes no ambiente quando comparados aos BTEXs. Limitações de aplicação do ozônio foram observadas na distribuição do gás na zona saturada devido à baixa permeabilidade do meio poroso, o que limitou a eficiência do método, impedindo que todos os contaminantes fossem oxidados no período de aplicação. Dessa forma, foi necessária mais uma intervenção, na qual foi realizada a bioaumentação em 2021 por meio da transferência de 10 L de biomassa (fase líquida) do reator da Área 5. O novo poço de monitoramento (NPM) apresentou valores de HPA menores que 0,01 e 0,005 nas coletas realizadas em dezembro de 2021 (Eurofins) e no 1º semestre de 2022 (Acquaplant). As concentrações dos contaminantes também foram determinadas no solo, a partir de amostras coletadas a 1,0 m de profundidade, a 15 cm do poço fonte (PM3) pelo laboratório da UFSC/REMA e nenhum valor acima dos VIs foi identificado para o(s) ponto(s) amostrado(s).Como não foi detectada presença de BTEX a partir dos monitoramentos realizados em 2010, não existe histórico de análise de TPH para a área (apenas um monitoramento feito em 2019). Por conta disso e considerando que os resultados da campanha de monitoramento realizada em 2019 indicaram valores abaixo dos VIs, não foram realizadas análises de TPH para a área em 2020 e 2021. Os laboratórios externos verificaram que os valores de BTEX estavam abaixo de 1 e 1,5 µg/L nos monitoramentos realizados em 2021 (2º semestre) e 2022 (1º semestre), respectivamente.A análise de tendência de decaimento de BTEX na água subterrânea da Área 2 foi confirmada por meio de inferências estatísticas, na qual foi identificada uma tendência clara de decaimento com nível de confiança de 100%, comprovando que os processos de ANM (2000), ozonização (2020) e bioaumentação (2021) foram eficientes na remoção de BTEX da água subterrânea.
Os reflexos diretos na concentração de HPA, após a implementação da técnica de remediação de ozone sparging (novembro/2020), apresentou um leve aumento na análise de tendência devido à presença de LNAPL residual até junho de 2021. Dessa forma, foi necessário realizar a intervenção com a bioaumentação em novembro de 2021, comprovando assim a tendência de decaimento de HPA com nível de confiança de 99,6% e demonstrando que esta área se tornou apta para realização do descomissionamento e encerramento do caso.
Descomissionamento da área recuperada A partir de 18/08/2003 (após 974 dias da liberação do combustível), os valores de BTEX se apresentaram menores que os valores de investigação (VI), porém para os HPA ocorreu após 7.654 dias (a partir de 01/12/2021). A Área 2 foi considerada apta para realização do descomissionamento e encerramento do caso a partir de 31/01/2023 (após 8.080 dias da liberação do combustível), na qual 18 monitoramentos apresentaram valores de BTEX menores que os VI e 4 monitoramentos apresentarem valores de HPA menores que os VI. O descomissionamento da área foi realizado com anuência do Instituto Ambiental do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e está de acordo com as orientações apresentadas.
Observações O uso do ozônio possui a vantagem de produzir oxigênio dissolvido no aquífero para utilização, em encadeamento de técnicas de remediação, com a biorremediação anaeróbia.
Figuras

Maiores concentrações de BTEX monitoradas na região da fonte de contaminação da Área 2 (D), no período de dezembro/2000 a janeiro/2023.

Maiores concentrações de HPA monitoradas na região da fonte de contaminação da Área 2 (D), no período de dezembro/2000 a janeiro/2023.

Fluxo de massa dos hidrocarbonetos (BTEX e HPA) e do traçador de brometo na fonte de diesel.

Análise de tendência de Mann-Kendall e Sen de BTEX total da Área 2 (D). Nota: A linha tracejada em vermelho indica o momento que foi iniciada a intervenção por ozonização e em alaranjado o início da bioaumentação.

Análise de tendência de Mann-Kendall e Sen de HPA total da Área 2 (D). Nota: A linha tracejada em vermelho indica o momento que foi iniciada a intervenção por ozonização e em alaranjado o início da bioaumentação.

Referências PALUDO (2007).

Rolar para cima