Rema

Tecnologias de remediação in situ

3.15 Fitorremediação

A fitorremediação pode atuar na redução, remoção ou contenção da toxicidade dos contaminantes através da vegetação e sua microbiota associada. A tecnologia é implementada com a seleção de uma planta ou comunidade de plantas que fornecem os mecanismos de remediação necessários. Dentre os mecanismos de fitorremediação aplicáveis aos meios contaminados, existem duas classes: 

  1. Mecanismos de estabilização e contenção: incluem a fitoestabilização, na qual as plantas e enzimas microbianas se ligam aos contaminantes do solo e incorporam os contaminantes livres em suas raízes, e o controle hidráulico, no qual plantas com altas taxas de captação de águas subterrâneas atuam similarmente a uma bomba ou sistema de tratamento, fornecendo controle hidráulico e podendo remover ou degradar os contaminantes. 
  1. Mecanismos de remoção e degradação:
    1. Fitoacumulação: os metais dissolvidos na umidade do solo ou nas águas subterrâneas são absorvidos pelas raízes e movidos para caules e folhas, onde permanecem acumulados.  
    2. Fitodegradação: as enzimas vegetais mineralizam completamente ou degradam parcialmente os contaminantes através da ação metabólica da planta.
    3. Fitoextração: os contaminantes são absorvidos pelas raízes das plantas e parcialmente movidos para o caule através da transpiração ou podem ser acumulados, metabolizados e transpirados para a atmosfera. 
    4. Rizofiltração: os sistemas radiculares das plantas são desenvolvidos em um ambiente aquoso em uma estufa e expostos a água do local contaminado para se adaptarem aos contaminantes. Em seguida, as plantas são transferidas para o local contaminado e permanecem lá até que suas raízes estejam saturadas com os contaminantes, quando são colhidas para descarte.
    5. Fitovolatilização: remoção dos contaminantes do subsolo e volatilização ou evaporação na superfície das folhas. 
    6. Rizodegradação: configura uma relação simbiótica entre os sistemas radiculares das plantas e microrganismos, na qual as plantas excretam açúcares, ácidos e álcoois que contêm carbono usado pelos microrganismos para a degradação de contaminantes no solo. 
Exemplo esquemático da fitorremediação.

Fitorremediação – Ficha técnica

TecnologiaNomenclaturaFitorremediação
Sinônimos
Nomenclatura em inglêsPhytotechnologies, vegetation-enhanced bioremediation, dendroremediation
Processo de remediaçãoEstratégia de remediaçãoA = Remoção de massa, mudança de fase/composição, controle de massa e tratamento da fase dissolvida.
Zona de contaminaçãoZona saturada e insaturada.
Fases do LNAPLFase dissolvida.
DuraçãoA tecnologia tem uma duração de 1 a 30 anos ou mais, dependendo dos objetivos de remediação, volume, concentração e distribuição dos contaminantes, taxa de crescimento e características das plantações necessárias para remediação, além das características do clima, como temperatura, ventos e chuva.
AplicaçõesA fitorremediação pode ser utilizada para tratar COV não halogenados e halogenados, combustíveis, inorgânicos, radionuclídeos, bifenilos policlorados (PCB) e pesticidas. 
VantagensA implementação da técnica pode resultar numa economia de 50 a 80% nos custos, se comparada às técnicas tradicionais;
A remediação é realizada sem escavação e transporte de solo ou bombeamento de água subterrânea, o que economiza energia;
A técnica pode ser menos invasiva e destrutiva do que outras tecnologias;
A implementação da técnica pode melhorar a qualidade do ar nas vizinhanças da área, prover habitat aos animais, promover biodiversidade e ajudar na restauração de ecossistemas que possam ter sido prejudicados por atividade humana, além de contribuir potencialmente para sequestro de carbono e mitigação de mudanças climáticas;
A vegetação pode ajudar na redução de erosão por vento e água;
Baixo risco na operação.
LimitaçõesO uso de algumas espécies vegetais pode ser difícil, devido à problemas de adaptabilidade e das condições climáticas e regionais, que podem interferir ou inibir o crescimento das plantas, aumentando o período de tratamento;
A tecnologia geralmente exige uma grande área para remediação, necessitando da remoção de estruturas antropogênicas;
A fitorremediação só pode ser empregada em áreas com níveis mais baixos de contaminação devido aos efeitos de toxicidade das plantas;
A contaminação deve ser superficial o suficiente para que as raízes das plantas possam influenciar a zona de contaminação;
Longo período de remediação;
A contaminação pode ser transferida de um meio para outro (do solo para o ar, por exemplo), gerando o risco de inalação de vapores;
Técnica recomendada apenas em áreas contaminadas com baixo risco à saúde humana e ao meio ambiente;
Movimentações de terra para o plantio das mudas podem causar efeitos indesejados na mobilidade do contaminante.
Requisitos de aplicaçãoCaracterísticas do localÉ necessário verificar a estrutura do solo, que determina os potenciais de erosão e infiltração, além da compactação e fertilidade, pois determinam a capacidade de suportar plantas e desenvolver planos de fertilização e alteração do solo;
É preciso entender a biologia vegetal, como os nutrientes contidos nas plantas, pH, salinidade e condutividade, capacidade e retenção de umidade e conteúdo de matéria orgânica, que determinam o crescimento sustentável;
As condições climáticas precisam ser avaliadas, como padrões de precipitação, umidade relativa, taxas de evaporação e temperatura;
Durante o inverno, as capacidades de controle hidráulico podem ser mínimas, pois a capacidade de captação é muito menor.
Critérios quantitativosDevido ao alcance das raízes das plantas, a profundidade da contaminação deve estar entre 0,6 e 4 metros.
Métricas de desempenhoPara uma eficácia adequada, a tecnologia deve manter e monitorar o crescimento da planta, proporcionando um ambiente de crescimento ideal. Isso inclui a redução de predação por meio de atividades sazonais que preparam as plantas, além do controle de pragas e replantio, que pode ser necessário;
É preciso monitorar as mudanças nos níveis de águas subterrâneas em toda a área plantada.
Testes em escala realÉ necessário terraplenagem, gerenciamento de águas pluviais e pode ser necessário utilitários para operar bombas, controladores e equipamentos de monitoramento;
Para a fitoestabilização, é necessário realizar um balanço hídrico no local, considerando a carga no solo contaminado, visto que os sistemas são projetados a fim de evitar a infiltração;
É necessário elaborar modelos para descrever as taxas de degradação ou atenuação;
Os sistemas de irrigação precisam ser instalados e modificados para garantir um bom crescimento das plantas;
Barreiras impermeáveis ou semipermeáveis podem ser necessárias para restringir ou controlar a infiltração.
Fatores de influência Alguns tipos de infraestruturas devem ser removidos para a aplicação da técnica, como edifícios, pavimentação e serviços públicos;
É necessário compreender a complexidade dos sistemas de irrigação;
Tamanho da área de tratamento, topografia, tipo de solo, requisitos de drenagem e materiais de apoio influenciam nos custos.
Operação e manutençãoNível de manutenção da planta, incluindo irrigação, fertilização e controle de pragas;
Necessidade de substituir plantas perdidas por doenças ou danos;
Necessidade de colheita e correta destinação (especialmente no caso de plantas acumuladoras);
Prazo de tratamento, que pode exigir a substituição das plantas.
Referências(U. S. EPA, 2012b; ITRC, 2018c; FRTR, 2020).

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